Só não se perca ao entrar no meu infinito particular...

Só não se perca ao entrar no meu infinito particular...

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012


Quero não sentir medo. Quero me entregar mais, me jogar mais, amar mais. Viajar até cansar. Quero sair pelo mundo. Quero fins de semana de praia. Aproveitar os amigos e abraçá-los mais. Quero ver mais filmes, ler mais. Sair mais. Quero não me atrasar tanto, nem me preocupar tanto. Quero morar sozinha, quero ter momentos de paz. Sorrir mais, chorar menos e ajudar mais. Quero ser feliz, quero sossego. Quero me olhar mais. Tomar mais sol e mais banho de chuva. Preciso me concentrar mais, delirar mais. Não quero esperar mais. Quero fazer mais, suar mais, cantar mais e mais. Quero conhecer mais pessoas. Quero olhar para frente. Quero pedir menos desculpas, sentir menos culpa. Quero mais chão, pouco vão e mais bolinhas de sabão. Quero ousar mais. Experimentar mais. Quero menos ”mas”. Quero não sentir tanta saudade. Quero mais e tudo o mais. E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.


 Fernando Pessoa.

domingo, 25 de novembro de 2012




Fiquei sozinha um domingo inteiro. Não telefonei para ninguém e ninguém me telefonou. Estava totalmente só. Fiquei sentada num sofá com o pensamento livre. Mas no decorrer desse dia até a hora de dormir tive umas três vezes um súbito reconhecimento de mim mesma e do mundo que me assombrou e me fez mergulhar em profundezas obscuras de onde saí para uma luz de ouro. Era o encontro do eu com o eu. A solidão é um luxo. — Clarice Lispector.



Foi então que eu resolvi, já que não poderia ser a mais gostosa por uma questão de nascimento, nem a mais inteligente por uma questão de preguiça, ser a mais estranha e a mais engraçada. Hoje eu sou assim, estranha e engraçada. Falo besteira o dia todo, faço todo mundo rir, imito os outros, uso roupas estranhas, tenho estranhas constatações a respeito da vida. Faço caretas ridículas, posso deixar de ser fina num segundo se falar escatologias ou falar putarias para divertir uma mesa qualquer de amigos. Mas de verdade eu só queria que alguém falasse para mim: ei, você é bonita, para de se expor tanto, pode ficar quietinha, pode fechar o decote, pode parar com esse riso nervoso, tô reparando em você, você é bonita.


 Tati Bernardi



Não sei até quando você vai ficar na minha vida. Acho que algumas pessoas cruzam nosso caminho para nos mostrar o quanto somos fortes. E eu sou, eu fui, eu vou ser (ah, eu vou!). Lembro do gosto de cada lágrima que chorei, assim como lembro da dor de cabeça de cada ressaca que tive por ter bebido demais pra tirar você do pensamento. Não sei porque a gente tenta beber para esquecer. Beber na fossa implica ficar longe do telefone, segurar os dedos para não enviar nenhuma mensagem de texto, segurar os pés para não sair correndo e fazer alguma besteira que sempre traz um arrependimento azedo.
A gente tinha quase tudo pra ser feliz. Eu tinha um ideal entre os dedos, um romantismo que até hoje não me deixou, um punhado de esperança que desse certo e a certeza de que queria você. Você tinha uma ideia a meu respeito, uma inocência que até hoje não te deixou, umas atitudes sem cabimento e a certeza de que me queria enquanto eu fizesse o que você achava certo.
Acho que a maioria das relações não dão certo porque temos a péssima mania de idealizar o outro. Mas ninguém é príncipe ou princesa, ninguém está aqui atuando em um filme bobo de amor. O dia a dia não tem tanto encanto nem mágica nem sonho nem beijos cinematográficos. O dia a dia é realidade, é defeito, é incerteza. E eu queria fazer tudo para agradar você, tudo, tudo, tudo. Eu fiz tanto que até esqueci de mim…




 Clarissa Corrêa

Quero seguir livre, entende? mesmo que isso me faça falta, alguém pra me prender um pouquinho.
Vou me esquivar de todo sentimento bom que eu venha a sentir, não levar nada a sério mesmo. Ficar perto, abraçar de vez em quando, sentir saudade, gostar um pouquinho. Mas amar não, amar nunca, amar não serve pra mim. Prefiro assim. — Caio Fernando Abreu
Ah, essas noites vazias de sábado… Nenhuma mensagem. Nenhum e-mail novo. Nenhuma chamada perdida. Nenhuma visita. Nenhum cheiro novo. Nenhuma antiga voz. Essas noites vazias… Ah, essas noites! Quantas e quantas noites vazias passamos… O fato de ser vazia nos dá espaço o suficiente para pensarmos sobre uma vida que poderíamos ter. E não temos. Sobre amigos que poderíamos ter conservado. E não conservamos. Pessoas que poderíamos ter do nosso lado essa noite. E não temos. Medo do novo, medo do que é velho, medo do que nunca existiu. Ah, essas noites vazias de sábado esperando o que eu nem conheço… — Ana Lins.


Eu tenho a sensação que estou destruindo um coração a cada segundo, eu não sei o porquê eu apenas sinto isso. Acho que nasci pra me sentir culpada, sei que não sou aquilo que todos querem que eu seja e muito menos que eu quero ser. Mas tem aquela frase “Já que sou, o jeito é ser.” merda de frase, merda, merda. Só preciso de um pouco de paz, de carinho, mas eu sou tão confusa que nem eu isso eu deixo ter. Porque Deus? Porque me fizeste assim? Pra magoar as pessoas ou pra me magoar? Mas eu agradeço por uma pequena coisa:
Obrigada por fazer pessoas idiotas demais, se não elas não me amariam. — Sinto coisas que me fazem pensar que sou um lixo, mas também sinto como se fosse um sonho para alguém.

E eu fui tola e cega 
Nunca consigo deixar o passado pra trás
Não vejo uma saída, não vejo uma saída
Estou sempre carregando esse peso nas costas
E eu cansei desse meu coração sem graça 
Então, esta noite vou arrancá-lo e recomeçar
Pois gosto de deixar minhas questões definidas
É sempre mais escuro antes do amanhecer
(…) 
Liberte-se, liberte-se
Liberte-se, liberte-se, oh whoa
Liberte-se, liberte-se
Liberte-se, liberte-se, oh whoa
E é difícil dançar com um demônio nas costas
Então, sacuda-o — Florence and The Machine.

sábado, 24 de novembro de 2012


Acho que você tem medo de ser feliz, Emma. Parece que pensa que o caminho natural das coisas na sua vida é ser triste, sombria e macambúzia, e odiar seu emprego, odiar o lugar onde mora e não ter sucesso nem dinheiro, e Deus a livre de um namorado (e uma pequena digressão aqui: esse negócio de não se achar bonita está ficando meio chato). Na verdade vou mais longe: acho que você gosta de se sentir frustrada e ter menos do que queria ter, porque isso é mais fácil, não é? O fracasso e a infelicidade são mais fáceis, porque você pode fazer piada com isso. — David Nicholls, Um dia 

quinta-feira, 22 de novembro de 2012





“Então você está confusa com seus sentimentos. Ele apareceu tão de repente na sua vida, com aquele brilho manso no olhar, com aquela meiguice na voz, sem pedir coisa alguma, meio como um Pequeno Príncipe caído de um asteróide. A princípio você nada percebeu de diferente. O susto veio quando você se lembrou das palavras da raposa, explicando ao Pequeno Príncipe o que era ficar cativo: É assim. A princípio você senta lá e eu aqui. Depois a gente vai ficando cada vez mais perto. Os passos de todos os homens me fazem entrar dentro da minha toca. Mas os seus passos me fazem sair…”
- Antoine de Saint-Exupéry.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012


Só agora eu sinto que as minhas asas eram maiores que as dela, e que ela se contentava com os ares baixo; eu queria grandes espaços, amplitudes azuis onde meus olhos pudessem se perder e meu corpo pudesse se espojar sem medo nenhum. Queria e quero- ainda. Voar junto com alguém, não sozinha.

terça-feira, 6 de novembro de 2012






“Temos a mania de achar que amor é algo que se busca. Buscamos o amor nos bares, buscamos o amor na internet, buscamos o amor na parada de ônibus. Como num jogo de esconde-esconde, procuramos pelo amor que está oculto dentro das boates, nas salas de aula, nas platéias dos teatros.
Ele certamente está por ali, você quase pode sentir seu cheiro, precisa apenas descobri-lo e agarrá-lo o mais rápido possível, pois só o amor constrói, só o amor salva, só o amor traz felicidade. Há quem acredite que amor é medicamento. Pelo contrário.
Se você está; deprimido, histérico ou ansioso demais, o amor não se aproxima, e, caso o faça, vai frustrar sua expectativa, porque o amor quer ser recebido com saúde e leveza, ele não suporta a idéia de ser ingerido de quatro em quatro horas, como um antibiótico para combater as bactérias da solidão e dafalta de auto-estima.
Você já ouviu muitas vezes alguém dizer: “Quando eu menos esperava, quando eu havia desistido de procurar, o amor apareceu”. Claro, o amor não é bobo, quer ser bem tratado, por isso escolhe as pessoas que ,antes de tudo, tratam bem de si mesmas.
O amor, ao contrário do que se pensa, não tem de vir antes de tudo. Antes de estabilizar a carreira profissional, antes de fazer amigos, de viajar pelo mundo, de curtir a vida. Ele não é uma garantia de que, a partir de seu surgimento, tudo o mais dará certo. Queremos o amor como pré-requisito para o sucesso nos outros setores, quando, na verdade, o amor espera primeiro você ser feliz para só então surgir, sem máscara e sem fantasia.
É esta a condição. É pegar ou largar. Para quem acha que isso é chantagem, arrisco-me a sair em defesa do amor: Ser feliz é uma exigência razoável, e não é tarefa tão complicada.
Felizes são aqueles que aprendem a administrar seus conflitos, que aceitam suas oscilações de humor, que dão o melhor de si e não se auto-flagelam por causa dos erros que cometem. Felicidade é serenidade. Não tem nada a ver com piscinas, carros e muito menos com príncipes (ou princesas) encantados (as).
O amor é o prêmio para quem relaxa. As pessoas ficam procurando o amor como solução para todos os seus problemas quando, na realidade, o amor é a recompensa por você ter resolvido os seus problemas.”
- Martha Medeiros.

terça-feira, 9 de outubro de 2012




Onde é que você gostaria de estar agora, nesse exato momento?

Fico pensando nos lugares paradisíacos onde já estive, e que não me custaria nada reprisar: num determinado restaurante de uma ilha grega, em diversas praias do Brasil e do mundo, na casa de bons amigos, em algum vilarejo europeu, numa estrada bela e vazia, no meio de um show espetacular, numa sala de cinema assistindo à estreia de um filme muito esperado e, principalmente, no meu quarto e na minha cama, que nenhum hotel cinco estrelas consegue superar – a intimidade da gente é irreproduzível.

Posso também listar os lugares onde não gostaria de estar: num leito de hospital, numa fila de banco, numa reunião de condomínio, presa num elevador, em meio a um trânsito congestionado, numa cadeira de dentista.

E então? Somando os prós e os contras, as boas e más opções, onde, afinal, é o melhor lugar do mundo?

Meu palpite: dentro de um abraço.

Que lugar melhor para uma criança, para um idoso, para uma mulher apaixonada, para um adolescente com medo, para um doente, para alguém solitário? Dentro de um abraço é sempre quente, é sempre seguro. Dentro de um abraço não se ouve o tic-tac dos relógios e, se faltar luz, tanto melhor. Tudo o que você pensa e sofre, dentro de um abraço se dissolve.

Que lugar melhor para um recém-nascido, para um recém-chegado, para um recém-demitido, para um recém-contratado? Dentro de um abraço nenhuma situação é incer-ta, o futuro não amedronta, estacionamos confortavelmente em meio ao paraíso.

O rosto contra o peito de quem te abraça, as batidas do coração dele e as suas, o silêncio que sempre se faz durante esse envolvimento físico: nada há para se reivindicar ou agradecer, dentro de um abraço voz nenhuma se faz necessária, está tudo dito.

Que lugar no mundo é melhor para se estar? Na frente de uma lareira com um livro estupendo, em meio a um estádio lotado vendo seu time golear, num almoço em família onde todos estão se divertindo, num final de tarde à beiramar, deitado num parque olhando para o céu, na cama com a pessoa que você mais ama?

Difícil bater essa última alternativa, mas onde começa o amor, senão dentro do primeiro abraço? Alguns o consideram como algo sufocante, querem logo se desvencilhar dele. Até entendo que há momentos em que é preciso estar fora de alcance, livre de qualquer tentáculo. Esse desejo de se manter solto é legítimo, mas hoje me permita não endossar manifestações de alforria. Entrando na semana dos namorados, recomendo fazer reserva num local aconchegante e naturalmente aquecido: dentro de um abraço que te baste.



(LIVRO: Feliz Por Nada)

terça-feira, 4 de setembro de 2012


“— E o que a gente vira quando vai embora de alguém?
E o Senhô respondeu:
— Uns viram pó. Outros caem igual estrela do céu. Outro só viram a esquina… E têm aqueles que nunca vão embora.
— Não? E eles ficam onde, Senhô?
— Na lembrança.”
- Caio Fernando Abreu.

“Eu te amo. Mesmo negando. Mesmo deixando você ir. Mesmo não te pedindo pra ficar. Mesmo não olhando mais nos teus olhos. Mesmo não ouvindo a tua voz. Mesmo não fazendo mais parte dos teus dias. Mesmo estando longe, eu te amo. E amo mesmo. Mesmo não sabendo amar.”
- Caio Fernando Abreu.

“Você errou, eu errei também. Mas vai ver a gente estava tentando ser feliz, e felicidade é um patamar complicado de alcançar.”
- Gabito Nunes.

“Tive um vizinho que gritava com a namorada ao telefone, sem se importar que o prédio inteiro ouvisse: “Não sei o que fazer! Fico mal contigo e fico mal sentigo!”. Sempre achei essa situação desoladora, e nem estou falando do português do sujeito. É duro ter apenas duas alternativas (ficar ou ir embora) e ambas serem terríveis.”
- Martha Medeiros

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

"Te amar foi difícil. Mas era tudo que eu sabia. E procurava ser tão boa para você, chegava a passar por cima de coisas que eu achava que eram essenciais e boas só para te ver feliz. E nunca, nunca era o suficiente. Então passei a me perguntar: será que algum dia você realmente me conheceu? Será que você quis me ver por dentro? Porque eu sou isso que você vê: sou mais sentimento que razão, sou mais grito que sussurro, sou mais pé na nuvem do que no chão. E não me arrependo de nenhum defeito meu, não me condeno e nem me culpo. Me aceito toda cheia de cicatrizes, roxos e falhas. Só queria que você realmente conseguisse me ver. E ainda assim me amar." 
— Clarissa Corrêa

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Boa sorte para nós dois



Ei, vem aqui, não faz assim. Por favor, me ouve. Não finge que não liga, não dá de ombros, não faz essa cara de quem não quer prestar atenção e de quem pouco se importa. Eu sei que você se importa, ou pelo menos, tenho certeza que já se importou um dia. Por que tem que ser assim? Por que as coisas não podem simplesmente ficar numa boa?

Alguém inventou essa história maluca que o amor tem que durar pra sempre. Então a gente fica naquela obrigação de ser perfeito, de fazer acontecer, de ter êxito, de não fracassar. Não consigo mais levar isso adiante, não. Eu sou um fracasso, na minha testa está escrito em letras imensas LOSER. 

Não, eu não consigo parar de lembrar como a gente foi feliz. Era tão bom gostar de você. Era tão bom ver o seu sorriso ao amanhecer. Coisas assim, meio de filme. Mas a nossa vida é realidade pura. E sem flores. Uma das minhas maiores dores é saber que, não importa quanto tempo passe, eu nunca vou esquecer você. 

Você foi a pessoa mais importante da minha vida e com você eu aprendi muita coisa sobre o amor. Mas o amor é que nem um bebê de colo: precisa de cuidados e supervisão constante. Acho que a gente não soube cuidar bem desse bebê. Nem da gente mesmo.

Por que as pessoas se perdem? Eu sempre disse: se não for pra acrescentar alguma coisa, por favor, não bagunça a minha vida. Gosto de quem soma. E a gente somou, você somou, eu somei. Até o momento em que as brigas começaram e a gente fez questão de se diminuir. Por que acabar com uma coisa tão linda?

Seria tão mais fácil se a outra pessoa falasse o que realmente quer e espera. Ficar no jogo de adivinhação só traz sofrimento. Nosso amor teve muitos silêncios e vírgulas. Cheguei a ficar engasgada com tantas reticências. Não dava mais, não estava mais funcionando. É, às vezes as coisas não funcionam. Estragam. Se partem.

Nem sempre é fácil dar a volta por cima, mas é a única saída. Não vejo outra solução para nós dois. Só porque acabou não quer dizer que não deu certo e não foi bom. Nem sempre as coisas são eternas. Mas nem por isso deixam de ser especiais. Por favor, entenda isso. Entenda que o nosso amor deu certo. E me deixa livre para seguir. Eu prometo que te deixo livre para seguir também. Detesto histórias sem fim. Todo mundo precisa de um ponto final para poder começar um novo parágrafo. Boa sorte para nós dois. A gente merece.


Clarissa Correa

domingo, 22 de julho de 2012

Não se concentre tanto nas minhas variações de humor, apenas insista em mim. Se eu calar, me encha de palavras, me faça querer dizer outra e outra vez sobre você, sobre nós, e todo esse amor. Se eu chorar, não me faça muitas perguntas, não precisa nem secar minhas lágrimas. Só me diz que você continuará comigo pra tudo, que tenho teu colo e teu carinho. E ainda que te doa me ver assim, me envolva nos teus braços e diga que eu posso chorar, mas que você não sairá dali enquanto eu não sorrir. Porque é isso que nos importa, não é? O sorriso um do outro. Não é?



Caio Fernando Abreu

quarta-feira, 18 de julho de 2012

 
 
É bonito manifestar sentimento. E é feio só querer receber. Receber abraço, beijo, comidinha gostosa, carinho, cafuné. Na vida, a lei é clara: a gente dá e recebe. É uma via de duas mãos. Você faz, você leva. É claro que ninguém tem que fazer por merecer, mas em uma relação a gente tem que se preocupar, sim, com as necessidades do outro. E se o outro se sente mais amado com um bilhete, uma surpresa, uma flor, uma carta, um email querido, uma mensagem romântica, não custa nada ser gentil. É bom agradar quem a gente ama. O ruim é ser egoísta e só pensar nas próprias necessidades. Mesmo porque a gente deve pensar o seguinte: é agradando o outro que eu agrado a relação. Se o outro está feliz, ele vai querer a sua felicidade também.
 
 
Clarissa Corrêa

Certas coisas me deixam triste. E louca. Como pode a gente gostar de uma pessoa, ver que ela está chateada e ficar de braços cruzados? Como pode você perceber que o outro está te tratando diferente e ficar indiferente? Como pode a gente só olhar para o próprio umbigo e para as necessidades pessoais? Como pode a gente só pedir apoio, calma, paciência e compreensão e não dar nada em troca? Como pode a gente não se dar por inteiro, mas esperar que a outra pessoa esteja inteira? Hoje em dia é muito fácil querer, exigir, fazer questão que o outro nos enxergue. Difícil mesmo é se colocar no lugar do outro, tentar se ver de longe e analisar onde está o nosso erro.


— Clarissa Corrêa

tic tac


Eu nunca gostei do tic tac do relógio. Quando era pequena, chegava a esconder o despertador, para aquele barulho não me atrapalhar. Hoje eu entendo: não gosto de depender do tempo. Tudo bem, eu sei que a gente vive na corda bamba dos prazos. Também sei que tudo tem hora para abrir e fechar. É, eu sei que se as coisas não tivessem uma certa “ordem” a vida da gente seria uma bagunça. Mas quem disse que uma baguncinha de vez em quando não é bom?


— Clarissa Corrêa


quarta-feira, 4 de julho de 2012

A difícil arte de seguir em frente





(Em outras palavras: na hora do aperto a gente apela para a autoajuda, birita, ombro dos amigos, livros bestas e músicas cafonas.)


Por algum motivo as coisas não deram certo. Sua vida seguiu por um caminho e a dele dobrou duas quadras mais para a frente. Você fica se perguntando o que aconteceu, o que deu errado, por que vai ter que enfiar todos os planos dentro da nécessaire, fechar e ficar um tempão sem abrir novamente. 


A gente passa por diversas fases. Sentimos raiva, sentimos dor, sentimos revolta, sentimos desprezo, sentimos saudade, sentimos amor, sentimos medo de nunca mais esquecer, sentimos medo de gostar de novo, sentimos vergonha e receio em repetir os mesmos erros bobos.


Demorei muito para acreditar na mais louca e cruel verdade: quem gosta de você vai te tratar bem. Quem gosta de você se importa, quer o melhor, te procura, te liga, te dá satisfação. Quem gosta quer estar junto. Quem gosta demonstra. Quem gosta faz planos. Quem gosta apresenta para a família e amigos. Quem gosta manda uma mensagem bobinha só pra dizer que ama. Quem gosta carrega uma foto sua dentro da carteira pra ver quando dá saudade. Quem gosta abraça na hora de dormir. Quem gosta dá um beijo de boa noite e de bom dia. Quem gosta aguenta suas reclamações, sua cólica infernal, suas manhas e manias.


Me desculpa, mas não existe medo que seja maior que um sentimento. Não existe timidez que seja mais forte que uma declaração de amor. Não existe distância que deixe uma relação morrer se as duas pessoas querem ficar coladinhas. Não existe estou-dividido-entre-ela-e-você. Quem gosta pode se perder, mas sempre vai saber pra onde quer voltar.


A gente demora pra aceitar, arruma novecentas desculpas para a falta de jeito do outro. Ah, ele é confuso. Ah, ele está tenso. Ah, ele tem medo. Ah, ele é maluco. Ah, ele isso. Ah, ele aquilo. Desculpa, mas quem quer estar junto pensa ah, que saudade. Ah, que falta ela me faz. Quem gosta, gosta. Sem complicações. Sem armações e armaduras.


Infelizmente, antes de seguir em frente tentamos interpretar as ações e atitudes da pessoa indecisa. Ele respondeu assim por tal motivo. Ele falou isso querendo dizer tal coisa. Ele isso, mas tenho certeza que ele aquilo. Quem gosta dá certeza do que sente. Quem gosta te olha com sinceridade. Quem gosta não faz joguinho nem te deixa pela metade. Quem gosta quer te deixar segura.


Por bem ou por mal, precisamos abandonar um sentimento que não traz nada de bom. Simples assim. Basta você se perguntar: é essa a vida que quero para mim? Eu mereço ser feliz? Eu mereço alguém que me ame? Eu mereço alguém que se importe? Eu mereço quem tenha certeza que me quer? Eu mereço ser amada?


O momento em que você percebe que o outro não te quer é mágico. A gente acorda, se sente nova, se sente livre. É claro que não se afoga um sentimento do dia para a noite. Mas a gente tenta preencher aqueles espaços com coisas novas: músicas diferentes, bons livros, trabalho, amigos, decoração da casa, um animal de estimação. Tudo serve para animar, renovar, encher a casa, a vida e preencher o tempo, costurar e remendar nossas feridas. É claro que vai doer, é claro que você vai sentir, é claro que o sentimento ainda vai latejar por um tempo. Mas a gente supera a partir do momento em que decide o que merece.

sábado, 19 de maio de 2012

Descobertas de uma noite qualquer


Fiquei triste. Ai, desculpa, mas fiquei. O ser humano é cruel, às vezes tenho vergonha de ter nascido humana. Sempre disse que prefiro os bichos, você lembra? Prefiro bicho, que gosta ou não gosta, que lambe ou morde. Um bicho nunca vai dar sorrisinho falso, dar tapinha nas costas e falar mal de você na próxima esquina. Ah, me deixa, eu fiquei triste e me deixa, me deixa, me deixa com minha tristeza num cantinho qualquer do coração.

Todo mundo vai te decepcionar, sabia? Sua mãe, seu pai, seu marido, sua amiga, seu vizinho. Todo mundo um dia vai fazer uma merda federal e ferrar com tudo que você sonhou. A gente tem tantos sonhos, tantas verdades floridas e bonitas. Meu Deus, como eu queria uma vida cheia de cor. Meu Deus, como eu queria uma realidade mais doce. Mas não. A vida é meio amarga, azeda, meio de verdade. Isso assusta, assusta, mas a gente precisa ser forte.

Sabe de uma coisa? Não, você não sabe. Vou te contar. Eu ando tão sensível. Precisando assim de uma palavra suave, de um gesto inesperado - e belo. Você consegue me surpreender de um jeito bom? Diz que sim, preciso tanto de você. Que coisa louca essa: a gente precisa de alguém. Mas, sabe, a gente sempre precisa de alguma coisa que nos coloque no eixo. Ando meio fora dos trilhos, se é que você me entende. Andei pensando na vida - é, sei que isso dá calafrios. Mas percebi que não adianta protelar. Preciso agir, agir, agir, largar essa pureza tosca, maldita, essa pureza pura, bonita e seguir. Eu preciso, por favor, me dê tapas fortes na cara, eu preciso entender que existe uma parcela de gente que é filha da puta, que mente, que engana, que trapaceia.

Agora, em novembro, eu ia publicar mais um livro. Um livro infantil, tão bonito, entende? Um livro que escrevi com tanto amor. Tinha pedaços meus ali, nas páginas, escancarados. Então, me pergunto: quando um livro não tem partes de um escritor? Pois bem: encontrei um editor que me pareceu íntegro, gente boa, inteligente. Trocamos ideias, falamos do texto, ele deu sugestões, discutimos, debatemos, resolvemos. Ele disse que me mandaria o contrato, explicou diversas coisas, estávamos escolhendo um ilustrador. A editora ainda não tinha selo infantil. Foi assim: inicialmente, um livro dele inauguraria o selo infantil. Depois, ele se reuniu com o conselho editorial e acharam mais conveniente inaugurar o selo com o meu livro. Fiquei feliz, estávamos num estágio avançado, numa troca bacana, tudo correndo bem. Até que ele parou de responder meus e-mails. Mandei um, dois, três, quatro, cinco. Mandei um e-mail chutando o balde, perguntando qual era a dele. E nada. Desde o dia dois de setembro o maldito não dá as caras. E mais uma vez eu penso: bem feito, bem feito, quem manda acreditar nas pessoas?

Já falei tantas vezes: palavra é a coisa mais séria que existe na minha vida. Por favor, não me engane. Por favor, não me enrole. Por favor, não me minta. Quando eu confio, confio de corpo, alma, coração. Não faça com que eu perca essa pureza. Entende? Confiar é se entregar. Dar a palavra é assinar um contrato imaginário: minha alma não vai ferir a sua. Por favor, dê valor para as suas palavras. Por que as pessoas são assim? Por que elas traem nossa confiança? Fico triste, triste. Essa crueldade não é pra mim.


Clarissa Correa

quinta-feira, 19 de abril de 2012


Ex deveria morrer.
Aperta no pause, congela a tela, repete a cena: porque você não morre agora?
Ex deveria morrer eletrocutada. Queimada. Partida em mil por Jack, o Estripador. Não, não. Não sou maluca, doente, psicopata, neurótica, bipolar. (ok, talvez eu seja tudo isso e mais um muito) Só acho que ex não deveria existir. Porquê? Porque existe ex? Para atormentar, para fazer aqueles fantasmas (que nada têm de gasparzinhos) arrastarem correntes pelo cérebro e puxarem os pés da mente? Para fazer o nosso anjinho ficar cego e possuído pelo diabinho, cutucando todo o sistema nervoso: veja lá, eles podem ter se encontrado, o toque pode ter dado choque, eles podem ter achado que a magia não morreu ou então renasceu.
Por favor! Alguém avisa? Ex só é bom muito longe, bem longe. Num lugar aonde não exista telefone, correio, internet, celular, papel e caneta. Deveria existir uma ilha, tipo ilha dos excluídos ou algo meio Lost. Lá seria o reduto de todas as “exes” (exus) que vivem por aí assombrando a vida-ou a imaginação fértil-de mulheres que não entendem que todo mundo tem um passado.
(rá. não entendo mesmo)
Cadeira elétrica era uma boa opção.
Clarissa Corrêa
"Quando a gente ama alguém de verdade temos que entender que muitas coisas envolvem o amor e, bingo!, uma delas é a insegurança. O que sentimos é tão bom e profundo que a gente tem medo que isso vire poeira, areia, fumacinha, vire nada, vire qualquer coisa não-importante a qualquer minuto em qualquer dia ou qualquer noite. A gente tem medo de virar um qualquer na vida daquele alguém que, pra gente, faz toda a diferença."
— Clarissa Corrêa

quinta-feira, 5 de abril de 2012


"Que foi isso, de repente? Nada; dez anos se passaram. Não diga! Se somaram? Se perderam? Algumas relações se aprofundaram? Se esgarçaram? Onde estávamos? Onde estamos? E...aonde vamos? O tempo, em lugar nenhum e em silêncio, passa. É inegável - todos temos mais dez anos agora. Ainda bem, poderíamos ter menos dez. Tudo nos aconteceu. Amamos, disso temos certeza. E fomos amados - onde encontrar a certeza? Avançamos aqui materialmente, ali não, nos realizamos neste ponto, em outros queríamos mais, algumas coisas tivemos mais do que pretendíamos ou merecíamos - mas isso é difícil de reconhecer. Perdemos alguém - "Viver é perder amigos". No meio do feio e do amargo, no tumulto e no desgaste, tivemos mil diminutos de felicidade, no ar, no olhar, na palavra de afeto inesperado, que sei? Espera, eu sei. É a única lição que tenho a dar; a vida é pequena, breve, e perto. Muito perto - é preciso estar atento."




Millôr Fernandes

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

É do seu lado que eu desejo ficar, é com você que quero passar meus melhores momentos, é seu abraço que preciso nas noites frias e dos seus cuidados quando eu ficar doente. Sim, é de você que eu preciso para ser feliz, é do seu amor que necessito pra sobreviver, é você, apenas de você. A única que me completa e me da forças ao seu lado eu conheci o meu verdadeiro sentido, Obrigada meu anjo por fazer de mim a pessoa mais feliz do mundo. 





sexta-feira, 6 de janeiro de 2012



Eu quero nós. Mais nós. Grudados. Enrolados. Jogados no tapete da sala. Nós que não atam nem desatam. Eu quero pouco e quero mais. Quero você. Quero eu. Quero domingos de manhã. Quero cama desarrumada, lençol, café e travesseiro. Quero seu beijo. Quero seu cheiro. Quero aquele olhar que não se cansa. 
]
Caio Fernando Abreu

Tenho um amor fresco e com gosto de chuva e raios e urgências. Tenho um amor que me veio pronto, assim, água que caiu de repente, nuvem que não passa. Me escorrem desejos pelo rosto pelo corpo. Um amor susto. Um amor raio trovão fazendo barulho. Me bagunça. E chove em mim todos os dias. 

Caio Fernando Abreu