Só não se perca ao entrar no meu infinito particular...

Só não se perca ao entrar no meu infinito particular...

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Caio para Elis Regina



"Maninha, precisava ser agora?
Eis, quando eu soube, assim de imediato, não acreditei. Esse vício de eternidade que a gente tem. E logo você, bicho? Tão agitadinha, tão atrevidinha e cheia de vida. Fui ao banheiro lavar o rosto, molhar os pulsos e olhar bem a minha cara cansada de 33 anos. Quando saí e espiei em volta tudo continuava lá. Feito nada tivesse acontecido Lembrei duma história da mitologia grega. Contam que quando morreu Pan, o deus da música, alguns pescadores ouviram uma voz misteriosa gritar numa praia deserta: ‘O grande deus Pan morreu!” E nunca mais se ouviu falar dele. Hélice – como te chamava a Rita, acho que por causa daquela sua mania antiga de girar os braços enquanto cantava, em tempos de Arrastão – eu não sei o que estou sentindo. Depois do trabalho, saí a procurar pelas ruas do centro da cidade um sinal qualquer que confirmasse ou desmentisse tua partida. Não encontrei nada. As lojas não tocavam seus discos. Ninguém caminhava devagar. Não havia nenhuma melancolia específica no céu, além do cinza habitual. Só eu assobiava baixinho “Acender as velas já é profissão, quando não tem samba, tem desilusão”. (Vezenquando, só de sacanagem, você dizia ‘Quando não sou eu, é Nara Leão’, e dava aquela risada gostosa.) Então peguei um táxi e vim embora. Pedi para o motorista ligar o rádio, mas tocava Núbia Lafaiete. Você acharia engraçado. Pedi para ele parar antes de casa, comprei duas garrafas de vinho. Estou no meio da segunda. Pimentinha, que difícil que tá. Você tem que amar quem você ama agora, JÁ, você tem que começar a fazer tudo o que você quer porque a bruxa tá do lado esperando. Elis, eu também vou morrer nem sei quando. Antes eu queria tanto ser feliz. Embora nem saiba como é isso. Acendo uma vela branca procê ir embora numa boa. Abro as janelas e ponho bem alto você cantando ‘Primeiro Jornal’, porque é assim que quero te guardar, juntando tua voz matinal aos restos dos sons noturnos que ainda boiam na casa. Não tenho medo da morte. Tenho medo da vida. Baixinha, foi tão de repente... Mas ainda ontem, todo domingo de manhã eu ia ao cinema Castelo assistir você cantando no programa do Maurício Sobrinho, da Rádio Gaúcha. Você vinha com aqueles vestidos repolhudos cantar ‘Banho de lua’ e aquelas versões tipo Fred Jorge (Vixe, como tô ficando veio, guria!). No fim todo mundo aplaudia de pé, dançava e cantava junto. Depois, feito a Janis Joplin fez com Port Arthur, você saiu de Porto Alegre. Foi ser estrela na vida. Falavam mal, então como falavam: porque isso, porque aquilo, porque você chiava como carioca, que era metida que nem parecia ter saído dali do Partenon, que parecia que tinha Deus na barriga (descobri depois que você tinha mesmo, não na barriga, mas na voz). Nunca mais te vi ao vivo, só no finzinho do ano passado, no Anhembi. De repente você disse que queria falar com Deus. Eu me arrepiei. Parecido com quando você cantava ‘Atrás da porta’. Ou quando, naquele inverno comprido eu atravessava noites bebendo conhaque ouvindo ‘As aparências enganam’. Uma vez a Paula Dip bateu na porta enquanto você cantava e, mal abri, ela caiu no choro, porque tinha vindo contar-me coisas sobre esses enganos, essas aparências. Maninha, precisava ser agora? Em pleno verão, o sol quase em Aquário. Sei que teu coração não aguentava mais tanta barra. Sacanagem... E juro que agora eu ouvi você rindo assim: quá-quá-rá-quá-quá. Tô sentindo um oco, Hélice. Tão ruim. O dia não conseguiu chover: eu queria agora chorar todo o choro que o dia não chorou por ti. Não consigo. Eu tenho a impressão de que poderia reconstituir, dias após dia, desde uma daquelas manhãs de domingo no Cine Castelo (que coisa mágica, eu tinha 12 anos, você 15) até estas duas da madrugada de hoje? Consigo não, Che. A gente, que é gaúcho, se entende. O tempo existe, Pimentinha, e passa, leva no arrastão as coisas e as pessoas que não morrem: ficam encantadas. Y solo resta el silencio, un ondulado silencio... Nós te amávamos tanto, tanto. Guria. Até."
Caio Fernando Abreu

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

" Estou ficando morna de tanto não me permitir ir além, de tanto calcular meus passos, me esconder em falsa timidez, evitar sentimentos, evitar relacionamentos, evitar gente só por ser gente e pela possibilidade de alguma coisa dar errado. Posso correr o risco de dar certo? Estou prestes a mergulhar. Dessa vez, não insistam, vou dispensar o equipamento de segurança. "

Interrogação - Verônica H

É loucura odiar todas as rosas porque uma te espetou. Entregar todos os teus sonhos porque um deles não se realizou, perder a fé em todas as orações porque em uma não foi atendido, desistir de todos os esforços porque um deles fracassou. É loucura condenar todas as amizades porque uma te traiu, descrer de todo amor porque um deles te foi infiel. É loucura jogar fora todas as chances de ser feliz porque uma tentativa não deu certo. Espero que na tua caminhada não cometas estas loucuras. Lembrando que sempre há uma outra chance, uma outra amizade, um outro amor, uma nova força. Para todo fim um recomeço! (O Pequeno Príncipe)


Eu não faço desfile de moda todos os segundos do meu dia porque me acho bonita sem precisar de chapinha, salto alto e peito de pomba.
Eu tenho pena das mulheres que correm o tempo todo atrás de se tornarem a melhor fruta de uma feira. Pra depois serem apalpadas e terem seus bagaços cuspidos.


“Quero os melhores romances, ou prefiro ficar sozinha. Quero as melhores lembranças, ou prefiro não lembrar. Ou vivo intensamente, ou vou levando essa rotina que não incomoda, não interfere, não fere, mas também não é vida. Vou dispensando tudo o que não julgo suficiente pra me roubar a solidão. Vou excluindo do meu convívio todos que não parecem prontos pra marcar meus dias.”

- Verônica H.
Esquecer alguém é uma escolha. Algumas pessoas não conseguem porque simplesmente, não querem. Afinal, “não quero” e “não posso” são duas frases que você só usa quando quer. (Prefira Borboletas)
Esquecer alguém é uma escolha. Algumas pessoas não conseguem porque simplesmente, não querem. Afinal, “não quero” e “não posso” são duas frases que você só usa quando quer. (Prefira Borboletas)

ANa Carolina em debate com Carpinejar no lançamento do livro Mulher Perd...