Só não se perca ao entrar no meu infinito particular...

Só não se perca ao entrar no meu infinito particular...

segunda-feira, 26 de outubro de 2009



Sempre acreditei que toda vez que a gente entra numa igreja pela primeira vez, vê uma estrela cadente ou amarra no pulso uma fitinha de Nosso Senhor do Bonfim, pode fazer um pedido. Ou três. Sempre faço. Quando são três, em geral, esqueço dois. Um nunca esqueci. Um sempre pedi: amor.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Não tenho medo.
Não tenho medo de nada...
Quanto mais eu sofro, mais eu amo...
O perigo só fará crescer o meu amor.
Ele o afiará, perdoará o preconceito..
Serei o único anjo que você precisa.
Você deixará a vida ainda mais bonita do que quando entrou.
O céu a levará de volta, olhará para você e dirá:
"Somente uma coisa pode nos completar. E esta coisa é o amor..."

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

metades

Porque, há muito, eu erro a mão. A dose. Esqueço a receita do equilíbrio. O quanto uso das partes que brigam dentro de mim. Há muito, eu me confundo. Porque metade não tem medo e levanta os braços, na descida da montanha-russa. Olhos abertos, enquanto outra acha melhor enfrentar a queda com as mãos na barra. Segurando forte. Espremendo os dois olhos, fechados, desde o começo do percurso. Das travas descidas sobre a barriga. Porque metade prefere brincar na beira da praia. No raso. Enquanto outra não vê problemas em pular dezenas de ondas e nadar onde a pequena bandeira vermelha, agitada pelo vento, avisa sobre o risco. Sobre a possibilidade de afogamento. Porque, há muito, eu erro a receita do equilíbrio. Uso a parte que não deveria na hora em que não poderia. Me confundo com as metades que brigam dentro de mim. Porque parte acelera na estrada, no momento da curva fechada. Pé direito até o fim, enquanto outra freia, bruscamente, ao ver a primeira placa. Seta torta, avisando sobre o perigo. Metade não suporta a burrice, a pequenez, a lerdeza. Outra, sempre calada, tolera a banalidade. Engole a ignorância. Convive com a mediocridade. Há muito, eu erro a mão. A dose. Me confundo com o que devo usar. Porque metade briga. Explode. Aponta o dedo na cara, enquanto outra se recolhe, quieta, debaixo da cama. No quarto fechado. No tudo escuro. Eu tenho uma metade que berra. Outra que sussurra. Uma parte que acredita em finais felizes. Em beijo antes dos créditos, enquanto outra acha que só se ama errado. Eu tenho uma metade que mente, trai, engana. Outra que só conhece a verdade. Uma parte que precisa de calor, carinho, pés com pés. Outra que sobrevive sozinha. Metade auto-suficiente. Mas, há muito, eu erro a mão. A dose. Esqueço a receita do equilíbrio. Me perco. Há dias em que uso a metade que não poderia. Dias em que me arrependo de ter usado a que não gostaria. Porque elas brigam dentro de mim, as metades. Há algumas mais fortes. Outras ferozes. Há partes quase indomáveis. Metades que me fazem sofrer nessa luta diária. No não deixar que uma mate a outra.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

PARA UMA SEPARAÇÃO

não, não precisa se levantar, não. você pode ouvir tudo isso aí mesmo, do sofá. e pode fechar também esse sorriso: eu não estou de volta. está ouvindo? eu dirigi até aqui, passei pelo seu porteiro curioso, subi por esse seu elevador cheirando a mofo para lhe dizer exatamente isso: que eu não estou de volta. que você pode ficar com tudo. com seus livros empilhados. com seus discos mal guardados. com suas plantas quase-mortas, por não serem mais regadas. você pode ficar com tudo. com esse seu vaso de flores amarelas de plástico, empoeiradas pelo que vem da janela entreaberta. pelo que vem com o cinza dessa cidade imunda. fique com tudo. com esse seu apartamento minúsculo. com essa caixa de fósforos do décimo-sexto andar. não quero nada. e só achei que deveria saber que você pode ficar com tudo. com os meus beijos e com os meus apertos, inclusive. com os meus carinhos feitos quando eu, tolo, acreditava que você era o que eu andava precisando. nada. não quero nada e só achei que você deveria saber que esta é a última vez que me viu por esse olho-mágico da porta, antes de me espiar por ele, de costas, indo embora, de uma vez por todas, por aquele corredor com marcas de mãos pretas pelas paredes. só achei que precisava lhe avisar que não quero mais nada. que você precisava saber que esta é a última vez que estou pisando nesse seu carpete desfiado. olhando para todo esse caos, que um dia chegamos a chamar de paraíso. não, não precisa se levantar, não. você pode ouvir tudo isso daí, com essa bunda grudada no sofá. eu só passei mesmo pra dizer que não quero nada de volta. nem aqueles beijos todos. eu poderia fazer com que cuspisse um por um, agora mesmo, de joelhos sobre o tapete. mas eles não vão me fazer falta e eu estou com um pouco de pressa. me desculpe, mas eu só passei por aqui realmente pra avisar: não, eu não estou de volta.


Eduardo Baszczyn

sábado, 3 de outubro de 2009

“Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão”















...Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração, e desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.


Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se. Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos. Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso estará apenas o envenenando, e nada mais. Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do "momento ideal".


Antes de começar um capítulo novo é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou jamais voltará. Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante. Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida.


Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é. Torna-te uma pessoa melhor e assegura-te de que sabes bem quem és tu própria, antes de conheceres alguém e de esperares que ele veja quem tu és...

E lembra-te : “Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão”

M.M