Só não se perca ao entrar no meu infinito particular...

Só não se perca ao entrar no meu infinito particular...

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Ela


Um dia "me caiu a ficha" ou como diria a Martha" me caiu o prego" quando resolvi não lembrar mais daquele beijo e daquele abraço, daquele doce que vinha com os beijos todo dia, daquelas cartas proibidas que deixei de ler para não me doer, daqueles cds que ouviamos juntas, daquele cabelo sobre o rosto, daquele dia na boate, resolvi que ia esquecer completamente dela que ela resolveu aparecer de novo, assim de repente como quem não quer nada, e me deixou assim pensativa, porque depois de todos esses anos, por que Sabe como eu sofri quando você me deixou? Como eu preferia ter sumido do que pensar que não era comigo que você sonhava? Ela foi embora e me levou com ela e nem sabia, agora ela apareceu e me faz pensar por que depois de todo esse tempo eu ainda penso nela...

(vai saber)

“FALTA DEMÔNIO NESSA CIDADE”

Uma carta de Clarice Lispector para Fernando Sabino



Falta demônio em toda Suíça

Falta demônio em muitos lugares

Não falta no Brasil, e talvez seja esta a explicação
para o encantamento que o país provoca em estrageiros
e nativos: é o feitiço da irreverência

Os Beatles tinha um demônio parcimonioso quando
cantavam “she loves you ye ye ye”
tornando-se mais famosos que JesusCristo.
Só deixaram o demônio tomar conta em discos
como “Sgt. Pepper’s”, “Álbum Branco” e “Abbey Road”,
numa época em que Mick Jagger julgava-se
o único representante de Lúcifer na terra.
Há demônio no rock, em todas as bandas

Há demônio no vinho, falta nos coquetéis

Há demônio no jeans, falta no linho

Há demônio nas fotos em preto e branco

Há demônio no cinema, não há na televisão

Há demônio em livros, não há em revistas

Há demônio em Picasso, Almodóva, Wagner, Janis Joplin

Há demônio na chuva mais do que no sol

Há demônio no humor e na ironia, nenhum demônio no pastelão

Não há demônio em bichos e crianças

Espera aí!

Volto atrás sobre as crianças

Em algumas há, mas somente nas muito especiais,
as outras pensam que são espertas, mas são apenas mal-educadas

Na poesia há sempre demônio, na boa poesia!

Na poesia marginal

Na poesia de amor

Paixão é quando o demônio está nu

Sexo com quem ama é muito mais satânico, não precisa ser um amor pra sempre,
pode ser um amor de repente, qualquer amor inferniza

Coca-cola tem mais demônio que Guaraná

A inteligência tem mais demônios que a simpatia

A vida tem mais demônio que a morte

Filosofia, psicanálise, beijo, aventura, silêncio

Um minuto de silêncio

O pensamento é o demo

O oriente tem

Manhattan tem
Berna não tem, como tudo que é neutro.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Resolvi mudar, e quantas vezes eu já decidi isso? quantas foram as vezes que eu disse que ia ser mais carinhosa e dar valor para quem está comigo, e sempre me decepciono comigo mesma por não conseguir ser boa nem um dia, quantas vezes eu quis parar de ser uma monstra mas o que eu mais faço é continuar sendo meu próprio assassino da felicidade, eu destruo meus sonhos como quem não me conhece e aparece e me fala -oh você não vai conseguir ser feliz, desiste disso queridinha!
Mas ninguém precisa me dizer isso porque eu mesma já me falo.
Eu só queria que eu não desistisse de mim, eu não quero que você desista de mim também, eu vou mudar um dia.
Eu vivo nesse anti-socialismo interno aonde ser minha amiga não há nenhuma posssibilidade

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Sexo

Na semana passada, ele pintou um pontinho de caneta azul no meu dedinho. Isso foi a coisa mais sexual que me aconteceu nos últimos cem anos. Um pontinho de caneta azul no dedinho. Meu coração disparou e meu dedão do pé direito tentou estalar mesmo com a bota apertada. Um pontinho de caneta azul no dedinho. Uma língua na orelha é pau. Uma língua dentro da boca é pau. Pau é pau. Dedo é pau. Mas um pontinho de caneta azul no dedinho é como um espaço gigantesco de um pau que não existe. O maior pau do mundo que não existe. Não sei explicar, mas sei que é mais pau que pau.
Na semana passada, ele encostou o braço no meu, quando pediu emprestado meu carregador de celular. Eu emprestei e depois descobri que ele tem um Iphone. Então o quê? Não sei. Mas sei que aquele braço no meu foi a coisa mais sexual que me aconteceu nos últimos cem anos. Minha língua lutou bravamente contra o céu da minha boca. Uma vontade de me enfiar num buraco dentro do meu próprio buraco.
Nem nos olhamos, mal trocamos palavras, nem sei o nome dele, só o apelido. Mas eu gosto quando ele chuta sem querer a minha cadeira, no meio de uma reunião chata, e pede desculpas. Desculpa, e fala meu nome. Eu gosto de sentir os poucos centímetros que o pé dele causa no espaço entre a rodinha da cadeira e o meu corpo. Gosto de mudar de lugar no mundo por sua distração. Eu gosto que o chute é seco e decidido. E curto. E daqui a pouco mais um pouco. E desculpa, e fala meu nome.
Tudo isso é minha vida sexual do momento. Quando no elevador ele vira de costas pra apertar o andar e eu meço com meus dentes quantas mordidas dá uma lateral de pescoço. Quando ele espreguiça e o pedacinho de barriga que aparece tem o tamanho exato de uma lambida rápida. Essas coisas que quando vou ver, já pensei. Não, eu não quero mudar o texto, repensar o roteiro, arquitetar o layout. Eu queria mesmo era saber se sua cervical inteira secaria a minha língua numa lambida sem intervalo. E chego mesmo a abrir um pouco a boca, mas por fora é apenas um misto de cara de atenção com sinusite.
Na semana passada, porque talvez algumas coisas nos ultrapassem mesmo, ele beliscou com toda a força a minha cintura. E disse. Não sei. Acho que não disse nada. Ele riu à vontade, porque o tesão natural parece mesmo a coisa mais íntima do mundo. Nos conhecemos há mil anos, apesar de ser apenas a semana passada. E eu retribui unhando o seu cotovelo num belisquinho. Também sem dizer nada. E até agora não me caiu a ficha do quanto isso foi estranho. Ou caiu e eu nem pude experimentar essa estranheza, já que estou ocupada demais tentando entender porque algumas pessoas nos agradam pelo cheiro do pelo e não do perfume. São tantas obrigações entre uma sala e outra que ser bicho na copa parece férias.
Tudo isso foi a coisa mais sexual que me aconteceu nos últimos cem anos. E talvez eu nunca mais cruze com ele, porque ele nem é do meu andar e eu nem sinto nada de bonito. Mas por via das dúvidas me depilei e tenho sorrido mais. Uma mulher não precisa transar para estar transando.

TAAATI *_*

quarta-feira, 12 de maio de 2010


Eu olho pra sua tatuagem e pro tamanho do seu braço e pros calos da sua mão e acho que vai dar tudo certo. Me encho de esperança e nada. Vem você e me trata tão bem. Estraga tudo.Mania de ser bom moço, coisa chata.Eu nunca mais quero ouvir que você só tem olhos pra mim, ok? E nem o quanto você é bom filho. Muito menos o quanto você ama crianças. E trate de parar com essa mania horrível de largar seus amigos quando eu ligo. Colabora, pô. Tá tão fácil me ganhar, basta fazer tudo pra me perder.E lá vem ele dizer que meu cabelo sujo tem cheiro bom. E que já que eu não liguei e não atendi, ele foi dormir. E que segurar minha mão já basta. E que ele quer conhecer minha mãe. E que viajar sem mim é um final de semana nulo. E que tudo bem se eu só quiser ficar lendo e não abrir a boca.Com tanto potencial pra acabar com a minha vida, sabe o que ele quer? Me fazer feliz. Olha que desgraça. O moço quer me fazer feliz. E acabar com a maravilhosa sensação de ser miserável. E tirar de mim a única coisa que sei fazer direito nessa vida que é sofrer. Anos de aprimoramento e ele quer mudar todo o esquema. O moço quer me fazer feliz. Veja se pode.Não dá, assim não dá. Deveria ter cadeia pra esse tipo de elemento daninho. Pior é que vicia. Não é que acordei me achando hoje? Agora neguinho me trata mal e eu não deixo. Agora neguinho quer me judiar e eu mando pastar. Dei de achar que mereço ser amada. Veja se pode. Anos nos servindo de capacho, feliz da vida, e aí chega um desavisado com a coxa mais incrível do país e muda tudo. Até assoviando eu tô agora. Que desgraça.Ontem quase, quase, quase ele me tratou mal. Foi por muito pouco. Eu senti que a coisa tava vindo. Cruzei os dedos. Cheguei a implorar ao acaso. Vai, meu filho. Só um pouquinho. Me xinga, vai. Me dá uma apertada mais forte no braço. Fala de outra mulher. Atende algum amigo retardado bem na hora que eu tava falando dos meus medos. Manda eu calar a boca. Sei lá. Faz alguma coisa homem!
E era piada. Era piadinha. Ele fez que tava bravo. E acabou. Já veio com o papo chato de que me ama e começou a melação de novo. Eita homem pra me beijar. Coisa chata.Minha mãe deveria me prender em casa, me proteger, sei lá. Onde já se viu andar com um homem desses. O homem me busca todas as vezes, me espera na porta, abre a porta do carro. Isso quando não me suspende no ar e fala 456 elogios em menos de cinco segundos. Pra piorar, ele ainda tem o pior dos defeitos da humanidade: ele esqueceu a ex namorada. Depois de trinta anos me relacionando só com homens obcecados por amores antigos, agora me aparece um obcecado por mim que nem lembra direito o nome da ex. Fala se tão de sacanagem comigo ou não? Como é que eu vou sofrer numa situação dessas? Como? Me diz?Durmo que é uma maravilha. A pele está incrível. A fome voltou. A vida tá de uma chatice ímpar. Alguém pode, por favor, me ajudar? Existe terapia pra tentar ser infeliz? Outro dia até me belisquei pra sofrer um pouquinho. Mas o desgraçado correu pra assoprar e dar beijinho.
Tati B

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Já gostei muito dele, mas hoje ele nao me convém mais, é como se fosse um vestido vermelho decotado, antigamente ficava perfeito em mim, hoje parece mais uma coisa absurda de pensar que eu tenho que ter em casa, entende? é as vezes nem eu entendo!
Por que diabos sempre que to começando a gostar muuuito de você, você sempre tem que fazer alguma merda pra mudar isso? eeeen

domingo, 9 de maio de 2010

"Dizem que materializar os sonhos escrevendo ajuda, então lá vai: Quero ter certeza, ali no fundo da alma dele, de que ele me ama. Quero que ele saia correndo quando meu peito amargurado precisar de riso. Que ele esqueça, de vez em quando, seu lado egoísta, e lembre do meu. Quero ser lembrada em horários malucos, todos os horários, pra sempre. Quero sexo na escada e alguns hematomas e depois descanso numa cama nossa e pura. Quero que ele me torne uma pessoa melhor, que faça sexo como ninguém, que invente novas posições, que me faça comer peixe apimentado sem medo, respeite meus enjôos de sensibilidade, minhas esquisitices depressivas e morra de rir com meu senso de humor arrogante. Que seja lindo de uma beleza que me encha de tesão e que tenha um beijo que não desgaste com a rotina."
E naquele momento eu pensei que poderíamos ser infinitos se fossemos música. E isso explica tudo, mas ninguém entende. Você entende. Mas cadê você?Quando vai dando assim, tipo umas onze da noite, o horário que a gente se procurava só pra saber que dá pra terminar o dia sentindo algum conforto. Quando vai chegando esse horário, eu nem sei. É tão estranho ter algo pra fugir de tudo e, de repente, precisar principalmente fugir desse algo.E daí se vai pra onde?

Antes dele teve ainda um outro que sempre ia embora na espera de que existisse algo melhor do que eu, mas não ia definitivamente porque não é todo dia que aparece alguém melhor do que eu. Um dia apareceu, ela até que é bonita e tal, não parece tão confusa e intensa e talvez mediocridade seja tudo de que uma pessoa precise para ser feliz. Mas a última vez que ele foi embora, antes me deu um abraço de quem nunca saiu do mesmo lugar. O abraço e o seu olhar de quem nunca sabe direito porque vai embora ficaram pra sempre comigo.

sábado, 8 de maio de 2010

  • "Não quero que você me largue. Não quero te largar. E eu não
    tenho medo que isso aconteça (eu nunca tenho), eu fiz isso com todos os outros.
    É, só que dessa vez eu queria muito que fosse diferente. Dessa vez, com você, eu queria que desse certo."

E ainda quero.

"Teve aquela cena também. De quando eu fui te dar tchau só com a manta branca e o cabelo todo bagunçado. E você olhou do elevador e me perguntou: não to esquecendo nada? E eu quis gritar: tá, tá esquecendo de mim. E você depois perguntou: não tem nada meu aí? E eu quis gritar: tem, tem eu. Eu sempre fui sua. Eu já era sua antes mesmo de saber que você um dia não ia me querer."

Então você quer se demitir do amor? Isso mesmo, querido chefe coração. Eu quero desaparecer daqui. Quero que você se exploda. Veja bem. Um dia lindo lá fora. Quinhentas coisas pra fazer. E eu presa aqui o tempo todo. Nessa salinha mofada. Trabalhando vinte e cinco horas por dia sem dormir, sem ver a luz do dia e sem ganhar nada por isso. Vivo exausta e abatida. Chega. Isso é trabalho escravo. Você me deve férias há anos. Você sempre me garante que agora, agora finalmente é a minha vez.


Tati Bernadi
Eu me descubro ainda mais feliz a cada pedaço seu e de tudo o que é seu...Às vezes você é tão bobo, e me faz sentir tão boba, que eu tenho pena de como o mundo era bobo antes da gente se conhecer. Eu queria assinar um contrato com Deus: se eu nunca mais olhar para homem nenhum no mundo, será que ele deixa você ficar comigo pra sempre? Eu descobri que tentar não ser ingênua é a nossa maior ingenuidade, eu descobri que ser inteira não me dá medo porque ser inteira já é ser muito corajosa, eu descobri que vale a pena ficar três horas te olhando sentada num sofá mesmo que o dia esteja explodindo lá fora. E quando já não sei mais o que sentir por você, eu respiro fundo perto da sua nuca, e começo a querer coisas que eu nem sabia que existiam. Quando a gente foi ver o pôr-do-sol na Praia, e a gente ficou abraçado,e a gente se achou brega demais, e a gente morreu de rir, eu senti um daqueles segundos de eternidade que tanto assustam o nosso coração acostumado com a fugacidade segura dos sentimentos superficiais. Eu olhei para você com aquela sua sueter que te deixa com tanta cara de homem e me senti tão ao lado de um homem, que eu tive vontade de ser a melhor mulher do mundo. E eu tive vontade de fazer ginástica, ler, ouvir todas as músicas legais do mundo, cozinhar, arrumar seu quarto, escrever um livro, ser mãe. E aí eu só olhei pra bem longe, muito além daquele Sol, e todo o meu passado se pôs junto com ele. E eu senti a alma clarear enquanto o dia escurecia. Eu preciso disfarçar que não paro mais de rir, mas aí olho pra você e você também está sempre rindo. Se isso não for o motivo para a gente nascer, já não entendo mais nada desse mundo. Você me transformou no eufemismo de mim mesma, me fez sentir a menina com uma flor daquele poema, suavizou meu soco, amoleceu minha marcha e transformou minha dureza em dança. Você quebrou minhas pernas, me fez comprar um vestido novo, tirou as pedras da minha mão. Você diz que me quer com todas as minhas vírgulas, eu te quero como meu ponto final.
Eu sou sim a pessoa que some, que surta, que vai embora, que aparece do nada, que fica porque quer, que odeia a falta de oxigênio das obrigações, que encurta uma conversa besta, que estende um bom drama, que diz o que ninguém espera e salva uma noite, que estraga uma semana só pelo prazer de ser má e tirar as correntes da cobrança do meu peito. Que acha todo mundo meio feio, meio bobo, meio burro, meio perdido, meio sem alma, meio de plástico, meia bomba. E espera impaciente ser salva por uma metade meio interessante que me tire finalmente essa sensação de perna manca quando ando sozinha por aí, maldizendo a tudo e a todos. Eu só queria ser legal, ser boa, ser leve. Mas dá realmente pra ser assim?




(Tati Bernardi)
Hoje eu acordei sem nada no estômago, sem nada no coracão, sem ter para onde correr, sem colo, sem peito, sem ter onde encostar, sem ter quem culpar. Hoje eu acordei sem ter quem amar, mas aí eu olhei no espelho e vi, pela primeira vez na vida, a única pessoa que pode realmente me fazer feliz.

tati bernardi :)



Ele é cheio de garotas e pela primeira vez na vida sorri ao pensar isso. Tá certo ele. Bonitão, rico, engraçado e safado. Que mulher não se apaixona por ele?Eu. Eu não me apaixono mais por ele. O que significa que agora podemos nos relacionar. O que significa que agora, posso ficar tranquilamente ao lado dele sem odiar meu cabelo e minha bunda e minha loucura. E posso vê-lo literalmente duas vezes ao ano, sem achar que duas vezes na semana são duas vezes ao ano. E posso vê-lo ir embora, sem me desmanchar ou querer abraçar meu porteiro e chorar. Consigo até dar tchauzinho do portão. Tchau, vou comer um pedaço de torta de nozes e assoviar. Tchau, querido mais um ser humano do planeta.